Você já ouviu falar em EMDR? Essa técnica inovadora tem revolucionado o tratamento de traumas psicológicos ao redor do mundo. Mas você sabe quem está por trás dessa abordagem? Neste artigo, vamos apresentar a história de Francine Shapiro, a criadora do EMDR, e como sua contribuição impactou a psicologia moderna.
Francine Shapiro nasceu em 18 de fevereiro de 1948 e faleceu em 18 de junho de 2019, aos 71 anos. Embora tenha se formado em literatura inglesa, com bacharelado e mestrado pela Brooklyn College, foi na psicologia que ela deixou sua marca mais profunda. Sua trajetória é um exemplo inspirador de como a curiosidade, o rigor científico e o compromisso com o bem-estar humano podem se unir em prol da transformação de vidas.
Enquanto trabalhava como professora de inglês e finalizava seu doutorado em literatura, Shapiro iniciou uma jornada de estudos sobre o impacto do trauma no corpo e na mente. Foi como pesquisadora sênior no Mental Research Institute, na Califórnia, que ela desenvolveu o EMDR — sigla para Dessensibilização e Reprocessamento por Meio dos Movimentos Oculares. A técnica surgiu a partir de suas observações empíricas e, posteriormente, foi validada por meio de pesquisas científicas e testada em diversos contextos clínicos.
O que é EMDR e como funciona?
O EMDR foi inicialmente observado quando Shapiro percebeu que certos movimentos oculares pareciam reduzir a carga emocional de pensamentos perturbadores. A partir dessa descoberta, ela desenvolveu um protocolo estruturado que envolve a estimulação bilateral do cérebro — como movimentos oculares, sons alternados ou toques leves — enquanto o paciente relembra experiências traumáticas. Isso permite que o cérebro reprocesse a memória de forma mais adaptativa, reduzindo os sintomas associados ao trauma.
Hoje, o EMDR é amplamente utilizado para tratar TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático), fobias, ansiedade, depressão e outras condições psicológicas. Diversas organizações internacionais reconhecem a eficácia da técnica, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O legado humanitário e científico de Francine Shapiro
Mais do que uma pesquisadora, Shapiro foi também uma ativista humanitária. Fundou o EMDR Institute e o EMDR Humanitarian Assistance Programs, instituições responsáveis por levar treinamento e atendimento psicológico a populações em situação de vulnerabilidade ao redor do mundo. Essas organizações têm papel fundamental na disseminação global do EMDR, especialmente em contextos de desastres naturais, conflitos armados e crises humanitárias.
Seu trabalho ganhou reconhecimento internacional, sendo agraciada com prêmios como o Sigmund Freud Award, da Cidade de Viena, e diversas honrarias da Associação Americana de Psicologia (APA), incluindo prêmios por excelência científica e contribuições notáveis à prática clínica no tratamento de traumas.
Além das premiações, Francine foi convidada a palestrar em universidades e eventos científicos de renome global. Escreveu mais de 60 artigos e livros, com destaque para a obra que se tornou referência no campo da psicologia do trauma: EMDR: Princípios Básicos, Protocolos e Procedimentos. Essa obra, traduzida para vários idiomas, é leitura obrigatória para profissionais que desejam compreender a fundo os fundamentos e a aplicação da técnica.
Francine Shapiro também atuou como consultora para diversas instituições internacionais, incluindo a Associação Americana de Psicologia e a Associação Psicológica Canadense, em iniciativas voltadas à compreensão dos efeitos de guerras e violências étnicas. Sua contribuição ultrapassa os muros da clínica e do laboratório, alcançando dimensões sociais, políticas e culturais.
Ao longo de sua vida, Shapiro mostrou que a ciência pode caminhar lado a lado com a empatia. Sua metodologia continua sendo estudada, atualizada e aplicada por milhares de psicólogos ao redor do mundo, trazendo alívio real a quem sofre com transtornos relacionados ao trauma, como TEPT, ansiedade, depressão e fobias.
Conclusão
Francine Shapiro nos deixou não apenas uma técnica terapêutica, mas um legado ético e científico que continua a impactar profundamente profissionais e pacientes. Sua história nos lembra que grandes inovações muitas vezes surgem de perguntas simples e da coragem de explorá-las até o fim. Conhecer sua trajetória é também reconhecer o valor da psicologia baseada em evidências e movida pela compaixão.
