Razão e Consciência Corporal no BSP: por que sentir é mais transformador que pensar

O que é BSP e qual o papel do corpo

O BSP (Brainspotting) é uma abordagem terapêutica que parte de um princípio simples: o corpo guarda memórias emocionais que a mente consciente não consegue acessar sozinha. Muitas dessas experiências ficam registradas em áreas subcorticais do cérebro, ligadas às nossas respostas automáticas de defesa.

Durante a prática, o terapeuta ajuda a pessoa a identificar pontos de foco, geralmente acompanhados de sensações físicas. É a partir dessas sensações que o processamento acontece, sem depender da racionalização imediata.

Por que a razão pode atrapalhar o processo

Estamos acostumados a dar um peso enorme para a razão. Tentamos entender, analisar e explicar tudo o tempo todo. No BSP, esse movimento pode atrapalhar. Quando a mente entra em excesso de atividade, ela impede que o corpo expresse o que está “congelado” em níveis mais profundos.

A racionalização funciona como um filtro: limita a experiência e mantém a pessoa presa a explicações que já conhece, sem acessar a verdadeira raiz emocional.

O poder da consciência corporal

Ao contrário da razão, a consciência corporal nos conecta a um nível mais genuíno de experiência. Sensações como aperto no peito, tensão nos ombros ou nó na garganta não são apenas desconfortos físicos, mas portas de entrada para conteúdos guardados.

Quando damos espaço para o corpo, sem pressa de compreender, ele inicia um processo natural de reorganização. Essa vivência, que acontece além das palavras, libera emoções, reconecta fragmentos de memória e traz uma sensação de integração.

Compreensão profunda que nasce do sentir

O BSP mostra que a verdadeira compreensão não é apenas cognitiva, mas vivencial. Depois que o corpo processa e se libera, a mente pode entrar em cena para organizar e dar sentido. A diferença é que, nesse caso, a narrativa nasce de uma experiência transformadora, e não apenas de pensamentos.

É nesse equilíbrio que reside a força do BSP: primeiro sentir, depois pensar.

Conclusão

Durante uma prática de BSP, não é a razão que abre o caminho para a cura, mas a consciência corporal. O corpo fala por meio de sensações, conduzindo um processamento profundo que a mente sozinha não alcança. Ao confiar nesse processo, abrimos espaço para desbloquear memórias, dissolver tensões e construir uma nova narrativa de forma mais autêntica e integrada.

Sou Daltro Feil, psicanalista com 25 anos de experiência e um entusiasta das terapias de reprocessamento. Neste blog, o Quinto Caminho, compartilho reflexões e descobertas que venho reunindo ao longo da minha caminhada, especialmente sobre o sofrimento humano — suas origens, seus sentidos e as possibilidades de transformação que ele pode esconder.